Há muitos anos escrevi esses pensamentos a respeito da Felicidade e à sua ligação com o permanente. Em momentos de grandes mudanças, entendermos a diferença entre o transitório e o permanente nos conforta e nos coloca firmes de volta em nossa jornada pela Terra. Gostaria de compartilhar com vocês essas reflexões.
O mundo não produz eventos separados, ou seja, uma vitória hoje não deve ser comemorada como algo distinto das outras esferas da sua vida. Assim, não é um evento, mas sim um aspecto de um processo. Da mesma forma, a derrota, pois, tudo está interligado.
Não existe noite ou dia e sim aspectos de um mesmo processo de bifurcação/dicotomia aparente. Neste sentido, também, não há como nos misturarmos ou confiarmos naquilo que nos rodeia, pois, são de natureza efêmera, transitória e, portanto, contém em sua essência a semente do sofrimento.
Somos e vivenciamos aquilo que pensamos e nossa mente está em um contínuo movimento de transformação e adaptação. Portanto, nossas experiências têm, por origem, por ‘carga genética’, a transitoriedade. Como resultado, se nos apegamos ao que passa, sofremos no momento em que aquilo ao qual nos apegamos, passa.
Devemos, como única solução para encontrarmos a nossa felicidade, nos ater ao que é eterno. E, lembrando Baudelaire, tudo contém um aspecto permanente e um transitório. E o permanente em tudo é o amor que a gente tem. Portanto, seremos mais ou menos felizes na medida em que tivermos mais ou menos amor às coisas, ou seja, mais ou menos nos conectarmos ao aspecto permanente de todas as coisas.
Assim, seja na derrota seja na vitória manteremo-nos felizes, pois, desconectados da transitoriedade que estes dois eventos possuem em sua natureza.